A nova direção da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) iniciou seu mandato com um alerta contundente: o modelo atual de mobilidade urbana no Brasil está em risco de colapso se o avanço do transporte individual continuar sem controle.
Durante evento realizado em 27 de maio, em Brasília, a NTU apresentou as diretrizes da gestão 2025-2027. A cerimônia reuniu autoridades, especialistas e representantes do setor público e privado, e teve como destaque a defesa da recuperação da demanda por transporte coletivo, modernização da frota e fortalecimento da infraestrutura.
Transporte coletivo como eixo da mobilidade urbana
Com o lema “O Brasil é Coletivo”, a NTU defende que o transporte coletivo volte a ocupar o centro do planejamento urbano. Segundo a entidade, os deslocamentos por carros e motos ultraaram os feitos por ônibus em algumas capitais, fato inédito apontado pela Pesquisa CNT de Mobilidade 2024.
Para mudar esse cenário, a NTU propõe uma transição modal, com políticas que priorizem ônibus e reduzam a dependência dos veículos particulares. A meta é ultraar 50% das viagens motorizadas com transporte público, evitando colapsos no trânsito e prejuízos à qualidade de vida.
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Equilíbrio econômico e renovação da frota
A nova gestão busca a recuperação da demanda pré-pandemia com foco em serviços mais eficientes, seguros e confortáveis. Também reforça a necessidade de contratos com equilíbrio econômico-financeiro, que considerem a separação entre tarifa pública e técnica, além da compensação pelas gratuidades.
Hoje, apenas 148 das 395 cidades com subsídio aplicam a separação tarifária prevista na Política Nacional de Mobilidade Urbana, mesmo com 2.703 municípios atendidos por ônibus organizados, segundo o IBGE.
Infraestrutura e compromisso coletivo com o transporte público
A NTU propõe o tratamento preferencial ao transporte coletivo nas vias arteriais urbanas, garantindo fluidez, integração e maior atratividade ao sistema. Outro pilar da proposta é retomar o volume histórico de aquisição de ônibus, com meta de 13 mil veículos por ano.
Segundo Edmundo Pinheiro, novo presidente do Conselho da NTU, “o transporte público é um compromisso coletivo com o futuro das cidades”.